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•2/11/2012
Olá  todo mundo!! Salut tout le monde! Hello everybody!!  Saudações  ao  país do futebol e ao  país  do hockey!! (nada mais justo que generalisar as duas partes nao é mesmo?) 
Bom pessoal, o tema da postagem de hoje é bem delicado, particular,  íntimo e baseado 100% em fatos reais e em um único ponto de vista (o meu!), tudo junto e misturado e  não  necessariamente nessa mesma ordem... eita que hoje a enrolação ta grande! Mas vamos ao que interessa, resolvi abrir a caixa de pandora e ja fazia um tempinho que pensava em como relatar algumas experiências vividas como imigrante e colocar às claras o que vem sutilmente escrito nas entrelinhas ou em pequenas letras no contrato da nova vida quando decidimos mudar de  país ... Tenho certeza que nada do que vocês vão ler aqui é novidade mas acreditem, por mais que alguém nos diga, teremos sempre a tendência de achar que isso é muito relativo (e é, afinal o que na vida não é?) e que é muito difícil que aconteça conosco... até você vivenciar na pele e se pegar dando dicas aos próximos da vez. 
Portanto, eis aqui algumas idéias e constatações colecionadas ao longo desses quase 17 meses de imigração canadense: 

1. Uma vez imigrante nunca mais 100%! Eu explico... uma vez que decidimos deixar nosso país de origem, nunca mais nos sentimos 100% pertencentes ao mesmo, nem tampouco nos sentimos 100% pertencentes ao país de destino... hummm como assim? Eu explico eu explico... por exemplo, involuntariamente (ou de safadeza mesmo) passamos a afrancesar ou a inglesar o português (nunca mais 100%) e, eu sei que ainda não posso afirmar com toda certeza mas na minha cabeça, bom 100% no francês ou no inglês... difícil! Um outro ponto é a saudade eterna e mal resolvida, não importa se de um lado ou de outro, sempre onde estivermos, depois de ter tido a experiência de morar fora, sempre vai ficar faltando alguma coisa (nunca mais 100% eu disse eu disse!) e por aí vai... mas o que fazer então com essa vida de nunca mais 100%? temos diversas opções... reclamar, se injuriar, falar mal das coisas ruins de cada lado OOOOOU aceitar que pode ser muito bom nao ser 100% e ao invés se tornar mais que isso (em momento nenhum eu disse que nos tornamos menos, so disse nunca mais 100%), entao, meu conselho é viver o que tem de bom dos dois lados e chegar muito perto de ser 200%!!

2. As emoções são elevadas à N-ésima potência (como vocês podem ver tem um q de matematica nos meus textos.. porque será? hihihi), bem, essa é uma afirmação de uma grande amiga minha, e eu acredito que ela foi muito feliz em dizer isso, principalmente para nós mulheres... tudo do lado de cá  tem um peso diferente... o sistema de auto-defesa fica no on 24h e basta alguém olhar de maneira diferente pra gente logo achar, pronto só porque eu sou imigrante! Na verdade no início é absolutamente normal que nos sintamos assim, mas depois de um tempo, essa maneira de reagir às coisas pode ser muito maléfica no desenvolvimento e adaptação do imigrante, justificar a todo tempo com o 'só porque eu sou imigrante' é um tiro no pé ou dependendo da frequência digo mesmo um tiro na cabeça, por isso muito cuidado na maneira como reagimos (você vai entender com a leitura do próximo ponto).

3. Ninguém vai lutar pra te dar um lugar ao sol a não ser você mesmo(a)! Isso vale pra VIDA, não só a de um imigrante, mas nesse caso específico é uma verdade muito dolorida mas que deve ser levada em consideração. Por mais que você imigre acompanhado de marido, esposa, irmão, filho, cachorro, papagaio whatever, cada um tem que lutar por seu espaço, e infelizmente, por mais primitivo que eu acredite que é, é assim que funciona, na lei da selva (ontem mesmo comentei isso com uma outra amiga), manda quem grita mais alto, portanto preparem suas gargantas antes de vir... digo isso porque vivencio essa batalha todo santo dia no trabalho, nao basta ser bom, tem que gritar em alto e bom tom pra que as pessoas lhe respeitem, muito decadente isso mas fazer o quê?

4. PARE DE PEDIR DESCULPAS POR NAO FALAR BEM A LINGUA LOCAL! Essa frase eu tenho que me repetir 100 vezes ao dia, mas de uns tempos pra cá eu tô bem disciplinadinha com relação a isso (até porque eu aceitei que deixei de ser 100% faz tempo), venhamos e convenhamos... você larga tudo o que um dia você conquistou (eu disse TUDO, de familia, amigos à reputação!) pra começar do zero em um lugar que você não conhece, onde você sem duvidas dá o seu melhor pra se inserir, oferece ao país suas habilidades e competências (porque cá entre nós, inocente é aquele que acha que ao chegar aqui as portas da esperança do Silvio Santos vão se abrir - eita eu fui longe - tudo vai dar certo e vai chover tudo de graça), então minha gente, desculpa é uma coisa que não rola nesse contexto... agoooora se você é um baita de um preguiçoso e que decidiu vir embora e achou que ia salvar o mundo sem ter no mínimo uma boa base do idioma local, aí meu querido você tem mais é que pedir desculpas mesmo mas à patria amada, por ter negado à raça porque brazuca que brazuca não se entrega, pode até dar um jeitinho mas não se entrega hehehe

5. Traga a caneta porque folha em branco aqui tem de sobra! Eu explico, eu explico... essa também é baseada em uma outra das pérolas dessa minha grande amiga (ela é boa mesmo, não erra uma!), ela sempre diz que quando chegamos, nosso livro está branquinho branquinho e nossos telefones não estão nas páginas amarelas, por isso digo, traga a caneta e muita disposição pra recomeçar a escrever seu historico de vida! Isso pode ser a salvação ou a tortura de muita gente, imagina depois de anos por exemplo na mesma profissão, decidir mudar completamente de área? Simples assim? Nem tanto, a liberdade de recomeçar pode ser em muitos casos assustadora!  

Bom, no geral, a gente acha que se conhece muito bem e acha que sabe exatamente como reagir diante de cada situação nova, mas não se engane, é normal pirar, travar, se deprimir... só não é normal se entregar à esses sentimentos e se fazer de coitado na maior parte do tempo... por isso bom senso, doses de palavras de apoio e canja de galinha não fazem mal a ninguém... se o que eu escrevi vai servir pra alguém que lê não sei, mas pra mim serve e muito! Encerro minha postagem com um trecho da musica de Coldplay que eu acredito que vem muito a calhar 'Nobody said it was easy, No one ever said it would be this hard'. (Ninguém disse que seria facil, ninguém nunca disse que seria tao dificil).

Bom final de semana à todos!
Luh


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7 comentários:

On 11 de fevereiro de 2012 às 14:14 , ReciFroid disse...

Perfeito! E só entende cada parte deste contrato quem já está nele, né? Abraços, Camilla

 
On 12 de fevereiro de 2012 às 07:19 , Anônimo disse...

Concordo...

 
On 12 de fevereiro de 2012 às 07:50 , Luhana disse...

Obrigada pela visita gente! Eh isso mesmo Camila... Infelizmente como todo contrato a gente nem sempre leva muito a serio todas as clausulas... Boa semana pra vcs!

 
On 12 de fevereiro de 2012 às 15:57 , Baratinha disse...

Sua linha de raciocinio e bem interessante. Eu penso que vc tem muita razao.
Bianca

 
On 12 de fevereiro de 2012 às 17:43 , Luhana disse...

Bgda Bianca! Seja sempre bem vinda!!! Tb gosto muito de suas postagens! Boa semana! A gente ia na casa de vcs hj mas Fred nao tava legal e achamos melhor deixar p o proximo fds... A gente avisa antes! Bjao

 
On 15 de fevereiro de 2012 às 05:10 , Priscilla Farinazzo disse...

Ola, Luh... Muito bom seu post! Sinto falta desses blogs que falam mais de sentimentos de imigrantes do que dos fatos em si! Bacana! Tenho um bloguinho tbm se vc quiser dar uma passada por la!

http://jesuisalive.blogspot.com

 
On 17 de fevereiro de 2012 às 18:04 , Luhana disse...

Ola Priscilla bgdao pela visita e que bom que você gostou! Desculpa a demora em responder, esses dias foram bem agitados... Vou olhar sim seu blog!
Bjao e bom fds!
Luhana