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•2/23/2010
Olá pessoal, essa é mais uma edição extraordinária postada por mim!

Devo confessar que meu maridão tem muito mais talento e empenho na manutenção de nosso blog que eu, diante disso tenham paciência aqui com a marinheira de “segunda” viagem.

Hoje estou aqui para celebrar a DÚVIDA, isso mesmo, essa companheira de todas as horas que insiste em nos rodear, logo vocês entenderão onde quero chegar...

No último dia 21 de fevereiro (domingo) fomos estreantes no famoso encontro do “Québec no Parque”, na Jaqueira em Recife-PE. Há muito tempo esperávamos por essa oportunidade de conhecer o grupo e identificar pessoas que assim como nós pretende assumir todos os riscos de uma vida nova no Canadá. E foi lindo...

Percebi que a mesma dúvida (daí o motivo do post) que tanto nos tira o sono em dias de tormenta nesse processo de imigração, une as pessoas e as torna cúmplices em um mesmo sentimento de empatia. A dúvida que por vezes não nos permite ter paz, nos guia na busca das respostas (que assim que alcançamos percebemos que não são completas e tome mais dúvidas!).

E se formos estender essa lógica para um âmbito maior que o da decisão de imigrar, perceberemos que independente da área das nossas vidas, estado civil, religião ou status social, seremos sempre instigados pela sensação da dúvida, da possibilidade, do talvez e do “e se”... portanto celebremos a DÚVIDA! E tiremos dela o que ela nos oferece de melhor, o frio na barriga que nos impulsiona a ir além, a aproximação de outros tão duvidosos como nós mesmos e a fantasia de que teria sido completamente diferente se tivéssemos escolhido outro caminho.

Pra encerrar, gostaria de compartilhar um trecho de uma música que sempre fala ao meu coração e que expressa como devemos proceder em relação a tomada de decisão, independente de credo ou fé, nosso trabalho é descansar (no nosso caso particular, descansar em Deus)! E acreditem, o sentido do descanso aqui não é o de cruzar os braços e esperar que as coisas caiam do céu mas sim o de se “tranquilizar” perante a dúvida.

“Não temas quando enfim
Tiveres que tomar decisão
Entrega tudo a Mim
Confia de todo coração
É Meu somente Meu todo trabalho
E o teu trabalho é descansar em Mim”

Com carinho,

Luh
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•2/16/2010
Para os que não conhecem um pouco de programação, o título desse post é simplesmente "Padrão de Vida é diferente de Qualidade de Vida". Só para fazer o leitor começar o ano de 2010 usando a cabeça.

O motivo desse post vem de diversas discussões com amigos e imigrantes recém chegados a respeito da perda de padrão de vida que a grande maioria sente ao chegar por aqui. O problema é que para essa grande maioria, praticamente não existe uma diferença entre padrão de vida e qualidade de vida o que na verdade são duas coisas completamente diferentes e que o Brasileiro, de modo geral, não enxerga. A capacidade de ver que existe sim uma grande diferença entre ambas só vem com anos de moradia fora do Brasil, em um país considerado de primeiro mundo.

O caso típico é esse: imigrante recém chegado tinha cargo de ABC na empresa XYZ, empregada em casa, dois carros do ano na garagem, etc e ao chegar aqui acaba indo morar em apartamento pequeno, não tem empregada, tem um carrinho simples, não faz manicure porque acha caríssimo, etc. Aí começam as reclamações ou os questionamentos se realmente valeu largar 'tudo' para vir para o Canadá.

E aí é que a diferença entre qualidade e padrão de vida ficam claras. Padrão de vida está diretamente ligado aos bens materiais, de consumo ou serviços que o cidadão tem poder aquisitivo para comprar/pagar. Exemplos típicos são imóveis, carros, empregados, etc.

Qualidade de vida já está ligado a como você se sente no ambiente em que está vivendo. Um típico exemplo é ter uma Ferrari conversível em São Paulo e tentar dirigir a mesma todos os dias. Nesse exemplo é claro que o padrão de vida é bastante alto (para poder comprar tal carro) mas a qualidade de vida pode vir a ser péssima devido à intranqüilidade que dirigir tal carro a céu aberto em São Paulo com toda a certeza causa. A falta de segurança nesse exemplo acaba reduzindo em muito o prazer de dirigir ou ter tal carro.

E é justamente nesse ponto em que está a maior diferença entre a vida aqui e a no Brasil. Devido às distorções sociais que a maioria dos Brasileiros inconscientemente aceita (exemplos, pagar R$ 1000 por mês para a empregada - todo mundo paga mesmo sabendo que com R$ 1,000 é quase impossível de viver - mas fazer o que, problema da empregada oras!), várias coisas são muito mais baratas no Brasil, principalmente ligadas à mão de obra. Não é a manicure ou o dentista aqui que são caríssimos. É a mão de obra menos privilegiada no Brasil que é explorada. Graças a isso é que o Brasileiro pode ter aquele maravilhoso 'padrão de vida' com duas empregadas, unhas feitas toda semana e por aí vai.

O detalhe é que isso cria uma diferença social grande o que acaba gerando a violência toda no final das contas. De que adianta andar de Mercedes Benz no Brasil se não se sai tranqüilo de casa, se tem que blindar o carro, etc? Aqui é onde a qualidade de vida aparece na estória.

Apesar de aqui as coisas serem mais difíceis para a mão de obra qualificada (no sentido de que aqui, você com MBA não ganha 100 vezes mais por mês do que a sua empregada o que 'reduz' o seu poder aquisitivo para servíços e o seu 'padrão de vida' se comparado ao Brasil), a estabilidade gerada com uma sociedade mais igualitária acaba lhe propiciando uma qualidade de vida muito melhor.

Exemplos típicos? Sair de Ferrari na rua sem se preocupar com nada, abrir seu laptop no ônibus para responder emails sabendo que ninguém vai roubar seu laptop, ouvir iPod no mesmo ônibus e por aí vai. Qualidade de vida é isso. Paz e tranqüilidade de vida para se viver.

O detalhe é que ao vivermos em um dado ambiente por muito tempo acabamos por ignorar ou simplesmente não ver todos os problemas lá existentes. Anos depois é que pude ver o quanto a vida no Brasil era extremamente complicada e cheia de problemas e que diversos desses eram criados por nós mesmos, ao aceitarmos e mais do que isso, incentivarmos, ainda que inconscientemente, a injustiça social.

É por isso que o recém chegado ao não ter mais o mesmo padrão de vida reclama da vida aqui. Esquece a qualidade de vida e o quanto a segurança é importante na vida da gente. Muito mais do que dois carros novos na garagem.

Aquele padrão de vida para 99% dos imigrantes nunca mais volta aqui no Canadá (lembre-se que Honda Accord aqui não é carro de luxo, que empregada custa uma fortuna, etc). Mas a qualidade de vida está na sua frente, 24 horas por dia desde o dia que chega aqui.

Abra seus olhos e sua cabeça que vai entender claramente o que estou dizendo.

Post retirado do blog TSFACTORY